Pegou muito mal a medida provisória 746, com proposta de reformulação do ensino médio. Com a reação popular, o governo golpista se viu forçado a recuar. Principalmente por causa do retrocesso da MP. E a intenção de enxugar o currículo e de tornar as matérias de artes, educação física, sociologia e filosofia como facultativas.
O Ministério da Educação (MEC) disse que cometeu um erro e essas matérias continuarão sendo obrigatórias, mas quem acredita?. O ministro Mendonça Filho diz que no último ano é que os estudantes terão que escolher entre exatas e humanas.
Mesmo com o recuo do MEC, a presidenta do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), Valéria Morato, acredita que essa reforma atende aos interesses do grande capital, em detrimento da educação pública. "Volta a ideia do Estado Novo, para formar as pessoas para o mercado de trabalho sem pensar no entendimento de Nação”, diz.
Para Morato, essa “é uma investida da Escola Sem Partido que quer impor uma linha única de pensamento." Ela também ataca a proposta de privilegiar o ensino de inglês e excluir o espanhol. “Não querem que dialoguemos com os povos da América Latina".
Por que impedir de pensar?
O vocalista do grupo Detonautas, Tico Santa Cruz, postou em sua página do Facebook um texto detonando a MP golpista. “Qual o objetivo por trás da retirada de artes, sociologia, filosofia do currículo das escolas no ensino médio?”, questiona.
E responde que é o objetivo é simples. “Tirar o senso crítico e a capacidade dos alunos de pensar a sociedade, a própria educação, a política e a cidadania”. De acordo com Cruz, as “artes estimulam a imaginação, a sociologia ensina os jovens a pensar e a filosofia apresenta ao aluno e à aluna os mais diversos tipos do pensamento humano”.
Já a cantora e compositora Leci Brandão, deputada estadual pelo PCdoB-SP, não tem dúvidas do caráter desse desgoverno. "Seria muita inocência da nossa parte esperar que um governo não eleito, fruto de um golpe na democracia, mantivesse uma postura democrática tendo a caneta nas mãos”.
Para ela, “é um desrespeito, um absurdo, passar por cima de tudo o que foi construído até agora com a participação de alunos, profissionais da educação, entidades e movimentos sociais”.
“Esse projeto traz riscos à educação porque fragmenta o ensino, apresenta a possibilidade de condicionar a educação apenas de forma técnica, a partir dos cursos profissionalizantes. Esse processo acarretaria numa formação massiva de mão-de-obra barata”, pontua Emerson Santos, o Catatau, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes).
Fontes do meio esportivo afirmam que os atletas estão proibidos de falar sobre questões políticas e que envolvam os programas sociais para atletas.
Mas a jornalista esportiva Lu Castro, especialista em futebol feminino, diz que se o ensino médio perder as aulas de educação física, “o desenvolvimento do esporte olímpico no país terá ainda mais dificuldades”. No caso do futebol feminino, por exemplo, “não será atrativo para as meninas e continuará não acontecendo”.
Educação para robôs
Tico Santa Cruz concorda com ele ao afirmar que “não querem pensadores, querem reprodutores, robôs, que não questionarão nada. Conhecimento nunca é demais e o medo deles (golpistas) é que nós tenhamos conhecimento”.
O artista mata a xarada. “Mas para quem pode pagar estas matérias estarão no currículo, ou seja, quem vai continuar pensando a sociedade”? Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação aprofunda um pouco mais a questão à repórter Laís Gouveia do Portal Vermelho.
"A MP é totalmente dissonante das discussões atuais sobre o ensino médio. Discorda dos debates da Conferência Nacional de Educação e das melhores pesquisas sobre essa etapa feitas aqui e no mundo, que dizem basicamente que uma reforma do ensino médio feita sem envolver alunos e professores tem enormes chances de dar errado", reforça.
Cara chama atenção para a questão do financiamento. Segundo ele, a proposta "liberaliza demais a distribuição de recursos para a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio Integral. A transferência de recursos financeiros prevista para esse fim será efetivada automaticamente pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), dispensada a celebração de convênio, acordo, contrato ou instrumento congênere, mediante depósitos em conta corrente específica. Segundo, o texto legaliza parcerias público-privadas".
Assine aqui uma petição do site Avaaz contra a reforma autoritária e esdrúxula do ensino médio.
Resistência
Para o enfrentamento ao projeto do governo golpista, foi criado o Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio, composto por dez entidades ligadas à educação. O novo movimento defende que o ensino médio seja compreendido como educação básica.
Portanto, “deve ser comum e de direito a todos e todas”. Assim, o ensino médio não pode ficar circunscrito “em migalhas que configuram uma ameaça à educação básica pública e de qualidade para os filhos e filhas da classe trabalhadora”, diz em seu texto de apresentação.
Valéria Morato ressalta ainda uma preocupação sobre os impactos da MP nos profissionais da educação. "Sem a exigência do diploma, os professores dessas disciplinas vão ter no mínimo metade do mercado de trabalho cortado".
Mesma preocupação de Xavier Filho, diretor Jurídico do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica. Ela argumenta que “aumentar a carga horária dos professores, muitas vezes forçados a trabalhar em até três escolas para complementar o salário, prejudicará os ganhos desses profissionais”.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) divulgou nota repudiando a MP anti-educação pública. “Acima de tudo, nós, estudantes secundaristas brasileiros, queremos participar e opinar sobre essa nova escola e a reforma do ensino médio (...) Convocamos a todos os setores e movimentos da educação, cultura e esporte a se somarem na luta contra mais esse gesto autoritário de um governo ilegítimo que ameaça o futuro da nossa juventude com um ato agressivo contra a educação brasileira”.
Fonte:
Com informações de agências, redes sociais e Portal Vermelho
O Ministério da Educação (MEC) disse que cometeu um erro e essas matérias continuarão sendo obrigatórias, mas quem acredita?. O ministro Mendonça Filho diz que no último ano é que os estudantes terão que escolher entre exatas e humanas.
Mesmo com o recuo do MEC, a presidenta do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), Valéria Morato, acredita que essa reforma atende aos interesses do grande capital, em detrimento da educação pública. "Volta a ideia do Estado Novo, para formar as pessoas para o mercado de trabalho sem pensar no entendimento de Nação”, diz.
Para Morato, essa “é uma investida da Escola Sem Partido que quer impor uma linha única de pensamento." Ela também ataca a proposta de privilegiar o ensino de inglês e excluir o espanhol. “Não querem que dialoguemos com os povos da América Latina".
Por que impedir de pensar?
O vocalista do grupo Detonautas, Tico Santa Cruz, postou em sua página do Facebook um texto detonando a MP golpista. “Qual o objetivo por trás da retirada de artes, sociologia, filosofia do currículo das escolas no ensino médio?”, questiona.
E responde que é o objetivo é simples. “Tirar o senso crítico e a capacidade dos alunos de pensar a sociedade, a própria educação, a política e a cidadania”. De acordo com Cruz, as “artes estimulam a imaginação, a sociologia ensina os jovens a pensar e a filosofia apresenta ao aluno e à aluna os mais diversos tipos do pensamento humano”.
Já a cantora e compositora Leci Brandão, deputada estadual pelo PCdoB-SP, não tem dúvidas do caráter desse desgoverno. "Seria muita inocência da nossa parte esperar que um governo não eleito, fruto de um golpe na democracia, mantivesse uma postura democrática tendo a caneta nas mãos”.
Para ela, “é um desrespeito, um absurdo, passar por cima de tudo o que foi construído até agora com a participação de alunos, profissionais da educação, entidades e movimentos sociais”.
“Esse projeto traz riscos à educação porque fragmenta o ensino, apresenta a possibilidade de condicionar a educação apenas de forma técnica, a partir dos cursos profissionalizantes. Esse processo acarretaria numa formação massiva de mão-de-obra barata”, pontua Emerson Santos, o Catatau, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes).
Fontes do meio esportivo afirmam que os atletas estão proibidos de falar sobre questões políticas e que envolvam os programas sociais para atletas.
Mas a jornalista esportiva Lu Castro, especialista em futebol feminino, diz que se o ensino médio perder as aulas de educação física, “o desenvolvimento do esporte olímpico no país terá ainda mais dificuldades”. No caso do futebol feminino, por exemplo, “não será atrativo para as meninas e continuará não acontecendo”.
Educação para robôs
Tico Santa Cruz concorda com ele ao afirmar que “não querem pensadores, querem reprodutores, robôs, que não questionarão nada. Conhecimento nunca é demais e o medo deles (golpistas) é que nós tenhamos conhecimento”.
O artista mata a xarada. “Mas para quem pode pagar estas matérias estarão no currículo, ou seja, quem vai continuar pensando a sociedade”? Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação aprofunda um pouco mais a questão à repórter Laís Gouveia do Portal Vermelho.
"A MP é totalmente dissonante das discussões atuais sobre o ensino médio. Discorda dos debates da Conferência Nacional de Educação e das melhores pesquisas sobre essa etapa feitas aqui e no mundo, que dizem basicamente que uma reforma do ensino médio feita sem envolver alunos e professores tem enormes chances de dar errado", reforça.
Cara chama atenção para a questão do financiamento. Segundo ele, a proposta "liberaliza demais a distribuição de recursos para a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio Integral. A transferência de recursos financeiros prevista para esse fim será efetivada automaticamente pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), dispensada a celebração de convênio, acordo, contrato ou instrumento congênere, mediante depósitos em conta corrente específica. Segundo, o texto legaliza parcerias público-privadas".
Assine aqui uma petição do site Avaaz contra a reforma autoritária e esdrúxula do ensino médio.
Resistência
Para o enfrentamento ao projeto do governo golpista, foi criado o Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio, composto por dez entidades ligadas à educação. O novo movimento defende que o ensino médio seja compreendido como educação básica.
Portanto, “deve ser comum e de direito a todos e todas”. Assim, o ensino médio não pode ficar circunscrito “em migalhas que configuram uma ameaça à educação básica pública e de qualidade para os filhos e filhas da classe trabalhadora”, diz em seu texto de apresentação.
Valéria Morato ressalta ainda uma preocupação sobre os impactos da MP nos profissionais da educação. "Sem a exigência do diploma, os professores dessas disciplinas vão ter no mínimo metade do mercado de trabalho cortado".
Mesma preocupação de Xavier Filho, diretor Jurídico do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica. Ela argumenta que “aumentar a carga horária dos professores, muitas vezes forçados a trabalhar em até três escolas para complementar o salário, prejudicará os ganhos desses profissionais”.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) divulgou nota repudiando a MP anti-educação pública. “Acima de tudo, nós, estudantes secundaristas brasileiros, queremos participar e opinar sobre essa nova escola e a reforma do ensino médio (...) Convocamos a todos os setores e movimentos da educação, cultura e esporte a se somarem na luta contra mais esse gesto autoritário de um governo ilegítimo que ameaça o futuro da nossa juventude com um ato agressivo contra a educação brasileira”.
Fonte:
Com informações de agências, redes sociais e Portal Vermelho
Não houve recuo algum, a MP foi publicada com tudo de pior que imaginávamos que eles querem fazer com o ensino médio. O Projeto de Lei 6.840/2013 em tramitação na Câmara tem que ser aprovado no lugar da MP do golpe. Discuto isso nestes dois artigos:
ResponderExcluirhttp://angelo.blog.br/2016/09/24/aprovar-o-pl-6-840/
http://angelo.blog.br/2016/09/23/governo-golpista-mente-sobre-a-reforma-do-ensino-medio/
A Associação de Professores e Estudantes de Língua Espanhola do Rio Grande do Norte (APELE-RN), considerando que é uma de suas finalidades “acompanhar a proposição e execução de políticas públicas que envolvam, direta ou indiretamente, o estudo da língua espanhola, em consonância com os interesses profissionais do conjunto de seus membros”, conforme o Artigo 2º do Estatuto Social, vem, por meio desta, posicionar-se ante a Medida Provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016.
ResponderExcluirDesde o Projeto de Lei nº 4.606/1958, por iniciativa do Presidente Juscelino Kubitschek, seguiram-se quase duas dezenas de outros projetos visando à valorização do estudo da língua espanhola no sistema educacional brasileiro, até que o PL nº 3.987/2000, do deputado piauiense Átila Lira, obteve sucesso, ao se converter na Lei nº 11.161, sancionada em 5 de agosto de 2005, a qual foi revogada anteontem pela Medida Provisória nº 746, publicada ontem no Diário Oficial da União.
Todos(as) os(as) professores(as) de espanhol conhecem bem as imperfeições da Lei nº 11.161/2005. Ao mesmo tempo, ela constitui, sem dúvida, um marco na história do ensino de línguas estrangeiras em nosso país: após décadas de muitas e diferentes tentativas, conseguiu-se aprovar uma lei que torna obrigatória a oferta do ensino da língua espanhola no Ensino Médio, facultativa no Fundamental. Que isto é uma notável conquista é observação incontroversa.
Para atender, então, à demanda de ensino que a lei passou a gerar, várias instituições, tanto universidades como institutos, começaram a investir na formação de professores(as) de espanhol por todo o país, por meio de novos ou ampliados cursos de licenciatura, presenciais e a distância. Tem sido um trabalho árduo, que muitas vezes topa com a omissão dos sistemas de ensino em cumprir integralmente a legislação, mas que também tem dado bons frutos, que nos motivam a persistir, convictos(as) da contribuição da aprendizagem do espanhol em uma sociedade brasileira que esteja cada vez mais integrada a sua vizinhança hispânica.
São, igualmente, de amplo conhecimento dos(as) professores(as) de espanhol as falhas do ensino secundário brasileiro. É unânime o parecer de que a Educação Básica demanda reformas, especialmente o Ensino Médio. Contudo, qualquer mudança que não resulte de consenso após amplo debate com a participação de todos(as) os(as) envolvidos(as) carece de legitimidade. O debate é, afinal, a base da democracia.
Diante de tudo isto, a APELE-RN manifesta repúdio à MP nº 746/2016, que, além de ser um ato autocrático, contrário à própria natureza de uma medida provisória, lança o estudo do espanhol na Educação Básica ao vazio legal anterior à Lei nº 11.161/2005, vazio que é, precisamente, a causa de o espanhol ter sido preterido durante décadas no Brasil. Portanto, um enorme retrocesso.
A APELE-RN conclama, ainda, todos(as) os(as) professores(as) e estudantes de espanhol no Rio Grande do Norte, especialmente os(as) seus(suas) sócios(as), a construir uma pauta de resistência à referida MP e reversão de seus prejuízos, junto ao Congresso Nacional.
A Associação de Professores e Estudantes de Língua Espanhola do Rio Grande do Norte (APELE-RN), considerando que é uma de suas finalidades “acompanhar a proposição e execução de políticas públicas que envolvam, direta ou indiretamente, o estudo da língua espanhola, em consonância com os interesses profissionais do conjunto de seus membros”, conforme o Artigo 2º do Estatuto Social, vem, por meio desta, posicionar-se ante a Medida Provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016.
ResponderExcluirDesde o Projeto de Lei nº 4.606/1958, por iniciativa do Presidente Juscelino Kubitschek, seguiram-se quase duas dezenas de outros projetos visando à valorização do estudo da língua espanhola no sistema educacional brasileiro, até que o PL nº 3.987/2000, do deputado piauiense Átila Lira, obteve sucesso, ao se converter na Lei nº 11.161, sancionada em 5 de agosto de 2005, a qual foi revogada anteontem pela Medida Provisória nº 746, publicada ontem no Diário Oficial da União.
Todos(as) os(as) professores(as) de espanhol conhecem bem as imperfeições da Lei nº 11.161/2005. Ao mesmo tempo, ela constitui, sem dúvida, um marco na história do ensino de línguas estrangeiras em nosso país: após décadas de muitas e diferentes tentativas, conseguiu-se aprovar uma lei que torna obrigatória a oferta do ensino da língua espanhola no Ensino Médio, facultativa no Fundamental. Que isto é uma notável conquista é observação incontroversa.
Para atender, então, à demanda de ensino que a lei passou a gerar, várias instituições, tanto universidades como institutos, começaram a investir na formação de professores(as) de espanhol por todo o país, por meio de novos ou ampliados cursos de licenciatura, presenciais e a distância. Tem sido um trabalho árduo, que muitas vezes topa com a omissão dos sistemas de ensino em cumprir integralmente a legislação, mas que também tem dado bons frutos, que nos motivam a persistir, convictos(as) da contribuição da aprendizagem do espanhol em uma sociedade brasileira que esteja cada vez mais integrada a sua vizinhança hispânica.
São, igualmente, de amplo conhecimento dos(as) professores(as) de espanhol as falhas do ensino secundário brasileiro. É unânime o parecer de que a Educação Básica demanda reformas, especialmente o Ensino Médio. Contudo, qualquer mudança que não resulte de consenso após amplo debate com a participação de todos(as) os(as) envolvidos(as) carece de legitimidade. O debate é, afinal, a base da democracia.
Diante de tudo isto, a APELE-RN manifesta repúdio à MP nº 746/2016, que, além de ser um ato autocrático, contrário à própria natureza de uma medida provisória, lança o estudo do espanhol na Educação Básica ao vazio legal anterior à Lei nº 11.161/2005, vazio que é, precisamente, a causa de o espanhol ter sido preterido durante décadas no Brasil. Portanto, um enorme retrocesso.
A APELE-RN conclama, ainda, todos(as) os(as) professores(as) e estudantes de espanhol no Rio Grande do Norte, especialmente os(as) seus(suas) sócios(as), a construir uma pauta de resistência à referida MP e reversão de seus prejuízos, junto ao Congresso Nacional.
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